terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Pelourinho

















As razões que levaram a escolha do Pelourinho são bastante claras. É a parte mais alta da cidade, em frente ao porto, perto do
comércio e naturalmente fortificada pela grande depressão existente que forma uma muralha, de quase noventa metros de altura, por quinze quilômetros de extensão, o que facilitaria a defesa de qualquer ameaça vinda do mar.

Em poucos anos, Tomé de Souza construiu uma série de casarões e sobrados, na parte superior dessa muralha, todas inspiradas, evidentemente, na arquitetura barroca portuguesa e erguidos com mão de obra escrava negra e indígena. Para dar maior proteção à cidade, o Governador Geral limitou o acesso a apenas quatro portões, estes totalmente destruídos durante as tentativas sem sucesso, de dominação da cidade no séc. XVII.

Na verdade, o termo "pelourinho" é o nome dado ao local onde os escravos eram castigados pelos senhores de engenho. O "pelourinho" era construído nos engenhos, afastado da cidade. A fim de demostrar à população sua força e poder, os senhores de engenho resolveram construir um "pelourinho" no centro da cidade, instalando-o no largo central, hoje área localizada em frente a
casa de Jorge Amado. A partir daí os escravos eram castigados em praça pública para que todos pudessem assistir tal demonstração
de poder. Devido a esse fato o "pelourinho" virou ponto de referência da cidade, dando nome ao antigo centro da cidade, e hoje
Centro Histórico de Salvador.

Com o passar dos tempos, o nome Pelourinho se popularizou, tanto na Bahia quanto no Exterior, passando a referir-se a toda a área do conjunto arquitetônico barroco-português compreendida entre o Terreiro de Jesus e a Igreja do Passo.

Durante o séc. XVI e até o início do séc. XX, o Pelourinho foi o bairro da aristocracia soteropolitana, composta de senhores de engenho, políticos, grandes comerciantes e o clero, por isso a forte influência européia na sua arquitetura e o grande número de
igrejas num espaço geográfico tão pequeno e, certamente, o mais antigo da cidade.

Foi justamente nessa época que o poder político da cidade concentrava-se nesse local que ainda tem monumentos como a Câmara Municipal, sede da Prefeitura, a Assembléia Legislativa e a sede do Governo do Estado. Porém, hoje em dia, apenas a Câmara e a Prefeitura continuam com suas sedes no Centro Histórico.

Infelizmente, a partir da década de 60, o Pelourinho começou a sofrer um terrível processo de degradação política, social e econômica, pois a cidade sofria um intenso processo de modernização econômica que transformou sensivelmente a sua estrutura ganhando novos centros comerciais e industriais, e novos bairros geográficos.

O Pelourinho foi se tornando um local totalmente abandonando, onde a marginalidade e a prostituição imperavam, junto a monumentos em ruína e desabamentos, ocupados por pessoas exiladas do novo centro da cidade. Esse descaso adiou o reconhecimento do Pelourinho, como patrimônio da humanidade, porém reconhecido pela UNESCO, em 5 de novembro de 1985.

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